E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música. (F. Nietzsche)





terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sempre que Tiveres Dúvidas

Sempre que tiveres dúvidas, ou quando o teu eu te pesar em excesso, experimenta o seguinte recurso: lembra-te do rosto do homem mais pobre e mais desamparado que alguma vez tenhas visto e pergunta-te se o passo que pretendes dar lhe vai ser de alguma utilidade. Poderá ganhar alguma coisa com isso? Fará com que recupere o controlo da sua vida e do seu destino? Por outras palavras, conduzirá à autonomia espiritual e física dos milhões de pessoas que morrem de fome? Verás, então, como as tuas dúvidas e o teu eu se desvanecem.

Mohandas Gandhi, in 'The Words of Gandhi'

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A RESSURREIÇÃO E A ÉTICA HUMANA

I Co 15—leia todo o capítulo.

Paulo disse que sem a ressurreição de Jesus é vã a nossa pregação e vã a nossa fé. Além disso, afirmou ele, pregando a ressurreição, estamos dando um testemunho mentiroso acerca do que Deus fez—se é o caso de Jesus nunca ter ressuscitado—; e conclui dizendo que sem essa esperança o existir cristão remeteria o ser para a mais infeliz de todas as vidas.
A fé na ressurreição quando desaparece produz a pior de todas as experiências de existência: a do ser que não tem mais nenhum engano de transcendência que o faça suportar o absurdo da vida!
Nesse caso, o segundo estado, também, torna-se pior do que o primeiro.

O que sobra se Cristo não ressuscitou?

Nada! mas para os esperançosos aqui vai o melhor cenário:

1. Uma crença num poder supremo.
Mas tal poder não merece ser objeto de nenhuma preocupação. Afinal, quem é Ele para demandar amor se jamais demonstrou Seu amor para conosco? Um Deus que não tenha se encarnado, morrido e ressuscitado pela consciência de culpa dos humanos e pela redenção da natureza, não tem o que dizer aos humanos—os humanos é que têm o que dizer a ele.

2. Uma total falta de referencia ética para atribuir valor a qualquer que seja o ato.
Se Cristo não ressuscitou, então não há nada além da história e nem há nenhuma esperança de redenção para a natureza. O melhor que os humanos podem fazer é diminuir o risco de extinção mediante a pratica de leis e o uso de tecnologias menos danosas ao meio ambiente.
No mais, não há razões além das pragmáticas para se fazer qualquer coisa pela Terra.
Qualquer ato de utilitarismo natural—atos predatórios—não pode ser julgado.
Não há referencias que sejam diferentes das de mergulhadores que estando definitivamente condenados à morte em três horas, dentro de uma bolha, a mais de quatro mil metros de profundidade, começam a matar quem usa mais oxigênio que os demais.
Trata-se da aplicação do tempo de sobrevida como único critério ético.
O que vale na Terra hoje é menos que isto.
Um exemplo disso só pode ser entendido pela seguinte caricatura: o criminalização do usuário de drogas.
Há propagandas sendo veiculadas na televisão que tratam o assunto das drogas transferindo a responsabilidade pela violência para o consumidor.
Bonita propaganda.
Belo conceito.
Mas nada além de belo.
Não suportaria dois argumentos: o primeiro é que o dependente é dependente. O segundo é que a se seguir essa lógica não se pode mais ligar o carro, pois tal ato desencadeia guerra, queima da camada de ozônio, aquece a terra e apressa o fim.
Aplicando-se a mesma lógica, a culpa pela guerra no Iraque e pelo desgelo polar é sua.
Não use mais carro, avião ou qualquer outro meio de transporte.
Não acenda mais a luz.
Não tenha mais geladeira, nem micro-ondas e nem beba coca-cola.
Não assista mais televisão e não respire muito—pode acabar o ar antes da hora!
Sem que Cristo tenha ressuscitado dentre os mortos não há qualquer referencia ética para qualquer cuidado amoroso para com nada na criação.
Comamos, bebamos, transemos à vontade, tomemos todas, possuamos tudo, cometamos o que desejarmos—afinal, tudo é a mesma coisa: é apenas uma questão de tempo e o ar vai acabar mesmo.
O usuário é sempre o culpado. Mas quem não é usuário da morte num mundo que jaz no maligno?
Se pegarmos qualquer que seja produto de consumo ou objeto—ou mesmo idéia—e a levarmos até as últimas conseqüências, nenhuma dessas coisas deixa de ter sua origem naquilo que chamamos de fruto do pecado.
Digo: não a coisa em si. Mas seu uso passa por todas as mãos e a chegada do produto limpo e acabado em nossas mãos, não poupou inúmeras outras mãos que se sujaram para que a sua continue supostamente limpa.
A cadeia da contravenção costuma punir apenas a parte mais frágil e óbvia na escala de diluição de responsabilidades.
Isto se Cristo não ressuscitou!
Para muita gente Cristo não ressuscitou mesmo!
Então, vivamos com as conseqüências, macha e bravamente. Sem resmungos e sem “ais”.
Afinal, se Cristo não ressuscitou, não há o que perder, não há o que esperar, e não há porque viver—no máximo pode-se auto-impor a ilusão do existir.
Sem ressurreição o que sobra é a lei da entropia: tudo vai passar e não haverá Palavra de Deus que permaneça para sempre.
Concluir assim é também mais que lógico.
Afinal, qualquer um que fosse esse tipo de Deus nesse mundo--a tal força superior--, não saberia que era Deus—portanto, não existindo para si mesmo, não existe para mais ninguém.
A Boa Nova, porém, assim diz:
Aquele que crê em mim, ainda que morra viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá eternamente—disse o Senhor da Ressurreição.
Quem não crer, se vire.
Quem crê tem a vida eterna.
E na Terra só dá para viver se se tem a vida eterna. Do contrário, temos que admitir que seria insuportável. Pelo menos para quem já não tem ilusões.
É só o que tenho a dizer.

Caio Fábio

Escrito em 2003

Extraído de www.caiofabio.net

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A ÁGUA DA ETERNA REALIDADE



A coisa maravilhosa da Água da Vida é que ela põe cada coisa do tamanho de cada coisa. Ela não é a Água da Magia. Ela não é alucinógena. Não é lisérgica. Ela é Água da Vida.



Portanto, quem a bebe continua tendo que ir ao poço de Jacó para pegar água (H2O) todos os dias. E tem que decidir se o “agora marido” é o marido ou não. No entanto, já não esperará do poço de Jacó nada mágico, nem esperará encontrar no peito de um homem, marido ou amante, o refúgio de Deus e a felicidade eterna.



Além disso, quem bebe da Água da Vida fica vendo montanhas apenas como montanhas, e vê a cidade de Jerusalém apenas como uma cidade.



Quem bebeu da Água da Vida já não ama mais pedras e nem se devota a elas. “Nem neste monte e nem em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Deus é espírito, e importa que Seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.



Quem bebeu da Água da Vida sabe que é de Deus que procede a Fonte da Vida, e que as demais necessidades desta existência são apenas o que cada coisa é, e não há mais ilusão acerca do que elas podem nos dar, ou do que delas se deve esperar.



A Água da Vida é a Água da Verdade e da Realidade. E ela carrega em si mesma o que é. Daí quem dela beber ter em si fontes que saltam para a vida eterna. E vai ao poço de Jacó pegar água com contentamento, e ama sem medo e sem engano.

Caio.

Extraído de www.caiofabio.net

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Educação e autoridade paternal



A vida sempre nos entrega "tarefas" que de um jeito ou de outro nos faz crescer até que nos tornamos Homens.
Sempre procuro abraçar todas elas com coragem tentando tirar a melhor lição que ela possa me proporcionar.
Hoje, já pai de uma filha, eu tenho para mim que a "tarefa" mais desafiadora existente nesta caminhada, seja a de educar.
Educar te dá entendimento pleno daquilo que foram seus pais, e possibilita honrá-los fazendo melhor com seu filho. Educar é ser milagre na hora do socorro; é ser carinho; é ser justiça na hora do erro; é ser alegria na hora da diversão; é ser apoio na hora do desânimo.
Mas acima de tudo, creio, que a parte mais minuciosa desta "tarefa" é a de trazer ao seu filho a consciência moldada num caráter sólido. O curso deste mundo trabalha em desfavor disto, e a batalha é estabelecida em nível espiritual. A briga é contra potestades, e hoje, sei  mais do que nunca, que a autoridade espiritual de um pai, quando firmada na autoridade de nosso Pai celeste é eficaz contra todo o deserviço do mundo. Quando falo da autoridade me refiro àquela que se estabelece pelo amor. Esta abala os poderes do mundo invisível e deixa espíritos perplexos de tudo isso. Aprendi, e sei, sem saber como, mas para mim já basta.
O resultado nós vemos a medida em que a criança cresce e o paradoxo é que você aprende muito mais que eles, pois tudo isto é um aprendizado adquirido Dele, nosso Pai do céu.  

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Esta Velha Angústia


Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.

Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...

Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer —
Júpiter, Jeová, a Humanidade —
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?

Estala, coração de vidro pintado!

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Mais Vale Ser Surdo que Ensurdecido

Antigamente as pessoas queriam criar-se uma reputação: isso já não basta, a feira tornou-se demasiado vasta; agora é necessário vender aos berros. A consequência é que mesmo as melhores gargantas forçam a voz e as melhores mercadorias não são oferecidas por orgãos enrouquecidos; já não há génio, nos nossos dias, sem clamor e sem rouquidão. Época vil para o pensador: devemos aprender a encontrar entre duas barulheiras o silêncio de que se tem necessidade e a fingir de surdo até chegar a sê-lo. Enquanto não se tiver chegado a isso, corre-se o risco de perecer de impaciência e de dores de cabeça.

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quem não Ama a Solidão, não Ama a Liberdade

Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças (high life), pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas.
Assim como o nosso corpo está envolto em vestes, o nosso espírito está revestido de mentiras. Os nossos dizeres, as nossas ações, todo o nosso ser é mentiroso, e só por meio desse invólucro pode-se, por vezes, adivinhar a nossa verdadeira mentalidade, assim como pelas vestes se adivinha a figura do corpo.

Antes de mais nada, toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode ser ele mesmo, inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho. Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre.A coerção é a companheira inseparável de toda a sociedade, que ainda exige sacrifícios tão mais difíceis quanto mais significativa for a própria individualidade. Dessa forma, cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exacta do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.

Ademais, quanto mais elevada for a posição de uma pessoa na escala hierárquica da natureza, tanto mais solitária será, essencial e inevitavelmente. Assim, é um benefício para ela se à solidão física corresponder a intelectual. Caso contrário, a vizinhança frequente de seres heterogêneos causa um efeito incômodo e até mesmo adverso sobre ela, ao roubar-lhe seu "eu" sem nada lhe oferecer em troca. Além disso, enquanto a natureza estabeleceu entre os homens a mais ampla diversidade nos domínios moral e intelectual, a sociedade, não tomando conhecimento disso, iguala todos os seres ou, antes, coloca no lugar da diversidade as diferenças e degraus artificiais de classe e posição, com frequência diametralmente opostos à escala hierárquica da natureza.
Nesse arranjo, aqueles que a natureza situou em baixo encontram-se em óptima situação; os poucos, entretanto, que ela colocou em cima, saem em desvantagem. Como consequência, estes costumam esquivar-se da sociedade, na qual, ao tornar-se numerosa, a vulgaridade domina.

Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Entre lá e cá


Tudo, que não passa de um simples vazio.
Compreendo que tudo não passa de uma enorme vastidão que não se comunica com meu eu. E como poderia? Olho a volta e enxergo impossibilidades alcançáveis das quais não estão ao alcance de ninguém. Não sei se por preguiça ou anestesia. E quem se importa? Para mim, a solidão e o silêncio têm sido melhores do que muito do que já vivi. São confortantes, e por incrível que pareça, nada tem a ver com presença de gente ao redor. É simplesmente um estado de desconexão, um mergulho no nada, e de lá, do invisível, tudo vêm à vida.
A única questão a saber é se, de fato, vale a pena voltar. Poucas coisas valem a pena fora da ilha, e mesmo assim com o tempo elas se vão, e o que fica são apenas memórias.
Meu ensaio é sobre um momento, que, apesar de já ser, não consigo tocá-lo, por isso coleciono memorias todos os dias daquilo, que, de fato é meu único elo entre o vasto e o singular.

domingo, 22 de maio de 2011

LHC pode se tornar a primeira máquina do tempo do mundo

LHC pode se tornar a primeira máquina do tempo do mundo

LHC do tempo
O LHC (Large Hadron Collider), além de ser o maior experimento científico do mundo, pode se tornar também a primeira máquina capaz de fazer a matéria viajar de volta no tempo.
Isto se Tom Weiler e Chui Man Ho estiverem corretos.
Os dois físicos da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, acabam de propor a ideia em um artigo ainda não aceito para publicação, enviado para o repositório arXiv.
"Nossa teoria é um tiro de longa distância," admite Weiler. "Mas ela não viola nenhuma lei da física e nem qualquer restrição experimental.

Partículas de Higgs
Um dos maiores objetivos do LHC é encontrar o bóson de Higgs, uma partícula hipotética da qual os físicos lançam mão para explicar porque partículas como os prótons, nêutrons e elétrons possuem massa.
Se o Grande Colisor de Hádrons realmente conseguir produzir essa que é chamada a "partícula de Deus", alguns físicos acreditam que ele irá criar também uma segunda partícula, o singleto de Higgs.
Segundo a proposta de Weiler e Ho, esses singletos teriam a capacidade de saltar para uma quinta dimensão, onde eles poderiam se mover para frente e para trás no tempo, retornando depois para nossa dimensão, mas reaparecendo no futuro ou no passado.

Comunicação com o passado e com o futuro
"Uma das coisas mais atrativas dessa abordagem da viagem no tempo é que ela evita todos os grandes paradoxos," diz Weiler.
Na verdade, a abordagem evita os passageiros mais problemáticos na viagem. Como somente partículas com características tão especiais poderiam viajar no tempo, ninguém poderia retornar ao passado e matar algum antecessor, eliminando a possibilidade da própria existência.
"Entretanto, se os cientistas puderem controlar a produção dos singletos de Higgs, eles poderão enviar mensagens para o passado ou para o futuro," propõe Weiler.
LHC pode se tornar a primeira máquina do tempo do mundo
Ilustração da teoria dos singletos viajantes no tempo. Quando dois prótons colidem no LHC, a explosão pode criar um tipo especial de partícula, chamado singleto de Higgs, que seria capaz de viajar no tempo pegando atalhos em outras dimensões. [Imagem: Jenni Ohnstad / Vanderbilt]

Testar a teoria, segundo os físicos, será fácil: bastará observar se o LHC produz os singletos de Higgs e se os produtos do seu decaimento começam a surgir espontaneamente.
Neste caso, garantem eles, isso indicará que esses produtos estão sendo gerados por partículas que viajaram de volta no tempo para reaparecer antes da ocorrência das colisões que as originaram.

Teoria-M
A proposta é baseada na Teoria-M, que tem a pretensão de ser uma "teoria de tudo".
A Teoria-M requer a existência de 10 ou 11 dimensões, em vez das quatro que nos são familiares (as três espaciais mais o tempo). Isso levou à sugestão de que nosso Universo pode ser uma membrana - ou "brana" - quadridimensional flutuando em um espaço-tempo multidimensional, chamado de "O Todo" (Bulk).

Segundo essa "visão de mundo", os blocos fundamentais do nosso Universo estão permanentemente presos à sua brana, o que os impede de viajar para outras dimensões.
Mas pode haver exceções - a gravidade, por exemplo, seria uma força tão fraca porque ela se difunde por outras dimensões. Outra possível exceção seria o singleto de Higgs, que responde à gravidade, mas a nenhuma das outras forças básicas.

Neutrinos estéreis
Uma terceira possibilidade seria um ainda mais elusivo neutrino estéril, um parente mais raro dos quase indetectáveis "neutrinos normais".
Um neutrino normal interage tão pouco com a matéria que pode atravessar um cubo de um ano-luz de lado feito de chumbo sem se chocar com nenhum átomo.
Os neutrinos estéreis não se chocariam nunca com nada - eles também reagiriam apenas com a gravidade, o que os torna passageiros viáveis para a máquina do tempo de Weiler e Ho.
Um experimento realizado no ano passado dá suporte à existência dos neutrinos estéreis.

Viajar mais rápido do que a luz
E a ideia vai além: se os neutrinos estéreis pegarem atalhos por outras dimensões, do ponto de vista da nossa dimensão eles poderiam viajar em velocidades mais altas do que a velocidade da luz.
De acordo com a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, há certas condições nas quais viajar mais rápido do que a velocidade da luz é equivalente a viajar de volta no tempo - foi aí, segundo os dois físicos, que eles entraram no especulativo campo das viagens no tempo.
Especulações que, por enquanto, estão rendendo bem no mundo da ficção científica. Os recentes Teoria Final, de Mark Alpert, e A Máquina do Tempo Acidental, de Joe Haldeman, amparam-se na ideia dos neutrinos viajantes no tempo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lúdico, Singular e Direto? Não! Realidade ainda encoberta.



É aqui, neste lugar, que está a junção de tudo o que se vive.
Ali é o limiar do pensamento, dos sonhos, da realidade, pois, tudo é, na verdade, uma única coisa, singular e bela.
Veja! É aqui que a vida é gerada ao mesmo tempo em que extingue-se. É paradoxo.
Só cresce aquele que é hábil de unir tudo numa só linguagem capaz de mostrar as debilidades com o objetivo de cura. Sim, só há cura se houver a visão da ferida e sua dimensão.
Mas voltando ao que dizia, o tempo é hoje e o lugar deveria ser aqui. Acontece que constantemente tenho ido a lugares, e mesmo não lugares, onde as possibilidades são infinitas numa dimensão onde a experiência é extremamente intensa.
Sei que há algo lá que me atrai, e de certa forma lá eu sou o que sou.
Mas deste lado, as coisas ainda me impressionam pela possibilidade de acesso ao impossível.
Sei da existência de uma máquina que determina os sonhos e pensamentos humanos. Curiosamente o combustível que alimenta tal máquina são os bilhões de sonhos sonhados. Cada sonho e pensamento determinado é um "start" para uma ação determinada. Cada ser humano é identificável através daquilo que pensa e sonha.
Isto só não ocorre com aqueles que possuem a Marca, aliás, quem pode contra Ela? Ela provém de Quem É antes do início, e É também o fim de todas as coisas.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Memórias de Minhas Putas Tristes

Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco.

(Gabriel Garcia Marquez - Memórias de Minhas Putas Tristes)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Nós os "Bin Ladens"

Osama Bin Laden está morto. Mas e daí? Eu pergunto. Não entendi o alívio global pela morte de um homem que nada mas foi do que criatura gerada para justificar farsas e guerras.

Então o mundo, principalmente americanos, festejam o fim de todos os problemas. 

O que talvez não ocorra na mente destes foliões de plantão é que, ninguém mais se alegra com a feliz aceitação popular da morte de "Obama Bin Laden" do que "Barack Osama". A eleição está aí.

O que talvez não ocorra na mente dos festeiros é de que Bin Laden foi apenas justificativa para validação de um monte de barbáries. Guerras e atentados realizados com a segurança de que a autoria não recairia sobre os autores. Talvez, nesses últimos anos nenhum homem gerou mais riquezas aos poderosos americanos do que Bin Laden.

O que talvez não tenha passado na cabeça dessa gente é de que ao festejar a morte de uma pessoa, eles dão energia e alimento para a geração de um terrorista que nasce dentro deles, e que deseja a morte de mais "osamas" sem notar que o Bin Laden que tem de morrer primeiro é o que vive dentro de cada um.

Osama realmente morreu. E até que outro bode expiatório surja, nós festejamos a nossa insanidade.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Robô dá primeiros sinais de consciência



Com informações da New Scientist - 04/04/2011

Ela ainda não é um robô no sentido comum do termo, porque ainda não tem um corpo.
Mas é o que mais aproxima até hoje daquilo que se poderia chamar de uma "mente robótica".
O programa, projetado para ser usado para animar um robô, conseguiu pela primeira vez completar testes padronizados de avaliação do estado de alerta, ou estado de consciência, no mesmo tempo gasto por humanos.
O nome dessa "consciência robótica" é LIDA, uma sigla para Learning Intelligent Distribution Agent, agente de distribuição inteligente do aprendizado, em tradução livre.
LIDA é filha de Stan Franklin, da Universidade de Memphis, com uma "participação especial" de Bernard Baars, do Instituto de Neurociências de San Diego e Tamas Madl, filósofo da Universidade de Viena, na Áustria.

Funcionamento da mente
O programa foi inspirado por uma teoria bem estabelecida sobre a consciência humana, chamada "Teoria do Espaço de Trabalho Global" (TAG) - ou GWT, sigla do inglês Global Workspace Theory.
Segundo a TAG, o processamento inconsciente - a captura e processamento de imagens e sons, por exemplo - é feito por regiões diferentes e autônomas do cérebro, trabalhando paralelamente.
Nós apenas nos tornaríamos conscientes da informação quando ela é considerada importante o suficiente para ser "transmitida" para o ambiente de trabalho global, uma rede de neurônios interconectados que se espalha por todo o cérebro.
Quem decide o que é importante para ser transmitido a teoria não diz, mas ela afirma que aquilo que experimentamos como consciência é justamente essa "transmissão", que permite que as informações sejam compartilhadas por diferentes áreas do cérebro.
Vários experimentos, usando eletrodos para detectar a atividade cerebral, têm dado suporte a essa noção de difusão das informações pelo cérebro como base da consciência, embora como exatamente a teoria se traduziria em cognição e experiência consciente seja algo ainda longe de estar claro.

Mente robótica
O professor Stan Franklin e seus colegas implementaram a teoria em um programa voltado para o controle de um robô, "enriquecendo" as bases da TAG com hipóteses sobre como esses processos de difusão da informação no cérebro se coordenam.
O resultado foi a mente robótica LIDA, que Franklin acredita ser uma reconstrução do processo de cognição do cérebro humano.
LIDA é uma "mente artificial" inteiramente gerada por software, ao contrário de experimentos de inteligência artificial que procuram replicar os próprios neurônios ou até construir um cérebro em um chip.
O funcionamento de LIDA baseia-se na hipótese de que a consciência é composta de uma série de ciclos, com duração de poucos milissegundos, e cada um subdividido em estágios inconscientes e conscientes.
Entretanto, só porque esses ciclos cognitivos são consistentes com algumas características da consciência humana, como os experimentos demonstram, isso não significa que é assim que a mente humana trabalha.
Foi por isso que os cientistas resolveram colocar a mente robótica para competir com mentes humanas.

Robô consciente?
Mas isto significa que a mente robótica LIDA seja consciente?
"Eu digo que LIDA é funcionalmente consciente," diz Franklin, porque ela usa a difusão dos inputs para guiar suas ações e seu aprendizado.
O pesquisador estabelece uma demarcação clara entre essa consciência funcional e a chamada "consciência fenomênica", ou "consciência fenomenológica", não atribuindo à sua mente robótica uma capacidade de subjetividade.
Mas ele afirma que não há, em princípio, nenhuma razão que impeça que LIDA se torne totalmente consciente um dia: "A arquitetura poderá servir de base para a consciência fenomênica, apenas precisamos descobrir como trazê-la à tona."

 Extraído de: http://www.inovacaotecnologica.com.br

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Novo Homem

O homem será feito em laboratório.
Será tão perfeito como no antigório.
Rirá como gente, beberá cerveja deliciadamente.
Caçará narceja e bicho do mato.
Jogará no bicho, tirará retrato com o maior capricho.
Usará bermuda e gola roulée.
Queimará arruda indo ao canjerê,
e do não-objecto fará escultura.
Será neoconcreto se houver censura.
Ganhará dinheiro e muitos diplomas,
fino cavalheiro em noventa idiomas.
Chegará a Marte em seu cavalinho
de ir a toda parte mesmo sem caminho.
O homem será feito em laboratório
muito mais perfeito do que no antigório.
Dispensa-se amor, ternura ou desejo.
Seja como for (até num bocejo) salta da retorta
um senhor garoto.
Vai abrindo a porta com riso maroto:
«Nove meses, eu? Nem nove minutos.»
Quem já concebeu melhores produtos?
A dor não preside sua gestação.
Seu nascer elide o sonho e a aflição.
Nascerá bonito? Corpo bem talhado?
Claro: não é mito, é planificado.
Nele, tudo exacto, medido, bem posto: o justo formato,
o standard do rosto.
Duzentos modelos, todos atraentes.
(Escolher, ao vê-los, nossos descendentes.)
Quer um sábio? Peça.
Ministro? Encomende.
Uma ficha impressa a todos atende.
Perdão: acabou-se a época dos pais.
Quem comia doce já não come mais.
Não chame de filho este ser diverso que pisa o ladrilho
de outro universo.
Sua independência é total: sem marca
de família, vence a lei do patriarca.
Liberto da herança de sangue ou de afecto, desconhece a aliança
de avô com seu neto.
Pai: macromolécula;
mãe: tubo de ensaio,
e, per omnia secula, livre, papagaio, sem memória e sexo,
feliz, por que não?
pois rompeu o nexo da velha Criação, eis que o homem feito
em laboratório sem qualquer defeito como no antigório,
acabou com o Homem.
 Bem feito.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Versiprosa'

segunda-feira, 14 de março de 2011

Pesquisadores alegam ter encontrado a cidade perdida de Atlântida



A lendária cidade que teria sido afundada no oceano por um tsunami estaria localizada na costa sul da Espanha.

Por Daniel Pavani

Um grupo de pesquisadores de diferentes nacionalidades afirma ter encontrado a localidade da cidade perdida Atlântida, a lendária cidade da antiguidade que teria sido afundada no oceano após ser atingida por um tsunami.
A equipe responsável pela possível descoberta é liderada pelo arqueólogo americano Richard Freund, da Universidade de Hartford, nos Estados Unidos. Segundo o site da universidade, os pesquisadores utilizaram fotografias aéreas, ondas penetrantes de radar e tomografia de resistividade elétrica para aferir as informações da localização do que poderia ter sido a primeira metrópole já criada pelo homem, destaca o site Engadget . Segundo eles, as ruínas do que seria Atlantis estão localizadas na costa sul da Espanha.

Atlantis, ou o continente perdido de Atlântida, como também é conhecida, foi primeiro descrita pelo grego Platão, assim como conta sua página na Wikipédia ( pt.wikipedia.org/wiki/Atlântida ) e seria uma civilização bastante avançada como sociedade e que se desenvolveu em uma ilha, mas que teria afundado no oceano em apenas um dia.

Os pesquisadores trabalharam durante os anos de 2009 e 2010 com as imagens e realizando levantamentos na região do sul da Espanha, próximas ao Parque Doña Ana, tendo encontrado ruínas de uma cidade que dataria de mais de 4 mil anos. Mas o que realmente deu a Freund a ideia de que as ruínas poderiam ser mesmo Atlântida foi o fato dele ter encontrado em muitos locais da Espanha cidades memoriais, construídas à imagem da cidade mítica.

Na noite deste domingo, nos Estados Unidos, o canal de TV da National Geographic apresentou um programa sobre a possível descoberta dos pesquisadores, chamado de Finding Atlantis, ou Encontrando Atlantis, em inglês.  
Mais informações sobre o show podem ser obtidas na página da NatGeo ( goo.gl/6bJXJ).

Para quem pode estar se perguntando se isto tudo não seria apenas trabalho de oportunistas dados os acontecimentos da última sexta-feira (11) no Japão, fica o destaque que o programa da NatGeo com os pesquisadores da Universidade de Hartford foi gravado no dia 9 de março, ou seja, dois dias antes da tragédia na Ásia.

Muitas são as histórias, as lendas e as teorias envolvendo a cidade mítica Atlântida. Será esta mais uma delas?

terça-feira, 8 de março de 2011

A Encarnação torna-se nossa única e possível chave hermenêutica para entender a Palavra

JESUS É A CHAVE HERMENÊUTICA PARA A COMPREENSÃO DAS ESCRITURAS
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos nossos pais, pelos profetas,
nestes ULTIMOS DIAS, nos falou pelo FILHO, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas,
pelo qual também fez o universo.
Aos Hebreus 1.1-2
"O Verbo se fez carne...", sendo assim, a Encarnação torna-se nossa única e possível chave hermenêutica para entender a Palavra, a mim mesmo, o próximo e a realidade atual. E é o Espírito quem revela Jesus como a Palavra e a Palavra em Jesus.
Na leitura da Bíblia, a grande tentação é fazer a Escritura se passar por Palavra. As Escrituras se iluminam como a Palavra somente quando aquele que a busca tem como motivação o encontro com a Palavra de Deus. Ou quando o Deus da Palavra fala antes ao coração!
E para se vencer tão grande tentação, proponho a seguir algumas orientações práticas:
Deve-se ler existencialmente a Bíblia como tendo seu espírito realizado em Cristo. Ele veio para cumprir tudo. Cumpriu? Sim! Está consumado! Mas cumpriu de uma maneira legal-aos-sentidos? Não! Prova disso que o cumprimento da Palavra em Jesus era justamente aquilo que os mestres da Lei em Seus dias chamavam de transgressão. Assim, há um espírito até na Lei. Jesus cumpriu esse espírito, não suas materializações!
Deve-se ler as "falas" de Jesus e não somente fazer (quando se faz) exegese do texto. Antes disso, deve-se perguntar: qual o significado desse ensino de Jesus para Jesus? E a resposta é uma só: veja como Ele lidou com a vida, com as pessoas, com os fatos! Conferindo uma coisa com a outra fica-se livre da construção de dois seres irreconciliáveis: o Jesus que viveu cheio de amor e graça, e o Jesus que ensinou coisas que só os intérpretes autorizados conseguem "captar".
Desse modo, então, não se faz jamais uma interpretação textual que não coincida com o comportamento e com a atitude de Jesus na questão, conforme o Evangelho. Eu confiro tudo com o espírito de Jesus, conforme o Evangelho.
Só assim Jesus não fica esquizofrênico ante os nossos sentidos: o que Ele disse, Ele viveu; e o que Ele viveu, é o que Ele disse.
Leia o Novo Testamento na ordem cronológica da mais provável seqüência de sua produção: 1ª. e 2ª. Tessalonicenses; Gálatas, Efésios, 1ª. e 2ª. Coríntios, e Romanos; Colossenses, Filemom; Filipenses, 1ª. e 2ª. Timóteo e Tito; 1ª. Pedro; Marcos; Mateus; Hebreus; Lucas; Atos; Tiago, Judas, 1ª,2ª. e 3ª. João; o evangelho de João, 2ª. Pedro; e Apocalipse.

A Bíblia é o Livro.
A Escritura é o Texto.
A Palavra É!
PARA LEMBRAR: "Escritura" sem Deus é apenas um texto religioso aberto à toda sorte de manipulações!

Recebi de www.caiofabio.net

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sem limites e caminhando



Ela era minha heroína
E sem querer acabei me viciando
Montei um grande monumento em meu coração à sua homenagem
Virou ídola, totem, um mito...
Um mito que limitou todo o infinito de possibilidades em minha mente.
Meu limite era do tamanho da minha admiração.
Então veio aquele outono...
E junto com as folhas caíram também minhas fronteiras.
Desde então, ando à margem.
Marginalizado de convenções e confiante apenas na certeza
que aflora de dentro de meu coração.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Além dos Outdoors

No ar da nossa aldeia
Há rádio, cinema e televisão
Mas o sangue só corre nas veias
Por pura falta de opção
As aranhas não tecem suas teias
Por loucura ou por paixão
Se o sangue ainda corre nas veias
é por pura falta de opção
No céu, além de nuvens
Há sexo, drogas e talk-shows
Mas coisas mudam de nome
Mas continuam sendo religiões

No dia-a-dia da nossa aldeia
Há infelizes enfartados de informação
As coisas mudam de nome
Mas continuam sendo o que sempre serão
Você sabe,
O que eu quero dizer não tá escrito nos outdoors
Por mais que a gente cante
O silêncio é sempre maior
Você sabe
O que eu quero dizer não tá escrito nos outdoors
Por mais que a gente grite
O silêncio é sempre maior
No ar da nossa aldeia
Há mais do que poluição
Há poucos que já foram
E muitos que nunca serão
As aranhas não tecem suas teias
Por loucura ou por paixão
Se o sangue ainda corre nas veias
É por pura falta de opção
Você sabe,
O que eu quero dizer não tá escrito nos outdoors
Por mais que a gente cante
O silêncio é sempre maior
Você sabe,
O que eu quero dizer não cabe na canção
Por pura falta de opção
Púrpura é a cor do coração, o coração
Você sabe,
Nunca foi dito num talk-show
Por mais que a gente cante
O silêncio, o silêncio, o silêncio, o silêncio...

Engenheiros do Hawaii  - Composição: Humberto Gessinger

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O profeta e a revolução

Decantado por   Paulo Brabo


Fui a Jaraguá do Sul visitar um cliente, coisa que raramente faço, e fui de terno e gravata, coisa que jamais voltarei a fazer. Quando sai da fábrica era o meio da tarde e pensei em dormir numa pousada em Pomerode, depois de encher a carne na Torten Paradis e beber uma imaculada série de Weiss no deque da cervejaria Schornstein.
Eu já estava em Pomerode, naquele cruzamento na frente da delegacia, quando olhou-me de repente a placa da saída para Timbó; lembrei-me inevitavelmente de Rio dos Cedros e de seu profeta, e decidi alongar a viagem por meia hora – ver se encontrava coragem para encarar novamente o homem que olhou o pecado no meu rosto e não viu nada de mais no que viu.
Avancei sem parada na tarde oblíqua e dourada, cruzando arrozais de um verde-limão inclemente e casinhas vermelhas encravadas em jardins de rosas. Quando fechei atrás de mim a última porteira e fiz o Corsa descer crepitando a curva ladeada de jerivás, faltava pouco para as seis da tarde.
Eu havia tirado meias e sapatos assim que entrara no carro, portanto antes de sair só afrouxei a gravata e enrolei duas vezes a barra da calça. Caminhei descalço pelo caminho de lousa até o portãozinho da cerca do jardim, gritei ô de casa, e quando venci os dois degraus da varanda já havia terminado de dobrar até os cotovelos as mangas da camisa branca.
Todas as portas e janelas da casinha de madeira estavam abertas, pelo que demorei a entender que estava vazia. Na varanda de trás (dei a volta por fora) encontrei uma mesa de madeira maciça, um fogão a lenha e um tanque escavado em pedra, abastecido sem trégua pela água de um aqueduto de meia taquara que desaparecia em direção ao morro vizinho. Retirei uma caneca de metal do prego em que pendia e bebi.
Devolvi a caneca, ponderando voltar para o carro e refazer o caminho, anulando por completo aquela tentativa e ganhando pontos para dizer um dia estive aqui e você não estava. Olhei o relógio do celular: cinco e quarenta e quatro. Decidi ir embora imediatamente e em outra ocasião explicar que havia esperado em vão das cinco e meia até as seis. Nesse ponto, no interior da casa, alcançou-me da mesa da cozinha uma visão potente o bastante (talvez a única) para me fazer abandonar o plano de fuga: uma pilha de livros.
O profeta de Rio dos Cedros entrou em casa meia hora depois, batendo uma contra a outra as solas de suas botas de borracha, e encontrou-me lendo fábulas de La Fontaine na mesa da sua cozinha. Os outros livros eram Sobre a origem da desigualdade, de Rousseau, A origem da família, da propriedade privada e do estado, de Engels, Almas Mortas, de Gogol e – o único que eu ainda não havia lido – o panfleto de quatro páginas Teses sobre Feuerbach, de Marx.
– Brabo, você voltou – ele disse, e parecia sinceramente feliz, mas antes de entrar lavou no tanque lá fora as mãos, os pés e uma braçada de raízes de aipim que trouxera numa sacola.
– Meu amigo proletário João do Pó! Desculpe aí ir entrando desse jeito – eu disse, mas ele desconsiderou com um balanço da cabeça e produziu de detrás de uma cortina estampada uma gamela com ameixas vermelhas e pêssegos.
Dez minutos depois as mandiocas cozinhavam no fogão e cada um de nós tinha diante de si um copo com partes iguais de Campari, gelo, vinho branco barato e água com gás, consagrados com uma fatia de laranja.
– E eu que não tinha lido esse livrinho de Marx – eu disse, querendo desviar a conversa. – Quando vi a casa vazia estava decidido a ir embora, mas tive de ficar pra falar com você sobre ele.
– Confesso que não li nada desse teólogo de quem Marx está falando, mas parece que não é preciso ter lido para entender.
– Você vai gostar de Feuerbach, mas sim, Marx está aparentemente falando consigo mesmo – puxei o panfleto do topo da pilha de livros e deixei que abrisse pousado na minha mão aberta. – A prática revolucionária. Eu não conhecia esse lado politizado de João do Pó.
Ele limitou-se a sorrir e sorver um gole.
– Pelo que entendi Marx está enfezado com o materialismo – ele opinou, – que embora seja a mais desiludida e terra-a-terra das ideias, ainda assim não passa de uma ideia. Nada no mundo dos conceitos basta para produzir a prática revolucionária que pode mudar o mundo, et cetera.
– Exato. Até aquele ponto a história da filosofia havia representado uma revolução arquival, por assim dizer. Os filósofos tinham em seu favor haver catalogado todos os problemas, todas as causas e todas as soluções, mas nada daquilo corria o risco de vazar dos arquivos das ideias para o mundo real.
– Como é mesmo que ele diz no final? – ele riu consigo mesmo, passando a mão pela cabeça raspada. – A última coisa?
– “Os filósofos têm se limitado a interpretar o mundo de maneiras diferentes” – eu li, imprimindo o devido drama ao cenário de dois homens discutindo filósofos mortos numa casinha de madeira no meio do nada debaixo de um céu límpido orlado por iminentes tempestades de verão. – “A questão, porém, é transformar o mundo.”
– É quase “a fé sem obras é morta”, não é verdade? – ele provocou, e ignorei a provocação.
Nesse momento a luz na cozinha piscou duas ou três vezes antes de apagar por completo, e ouvimos a geladeira tremer e silenciar. Agora só se ouviam os sapos que malhavam ferros no banhado entre o morro e a casa.
– Está sempre chovendo em algum lugar – ele lembrou.
– O bastante para sempre apagar a luz de outro – eu disse, e coloquei o celular em cima da mesa para que ele nos cinzelasse minimamente com sua vigília azul.
– Enfim – ele disse, brincando com a tampa de Campari como se quisesse fechar a garrafa, sem nunca chegar a concluir a tarefa, – houve uma época em que o que a revolução desejava era remover um sistema estabelecido de coisas e colocar outro sistema no lugar. Se a realidade resistisse à mudança, como costumava fazer, para promover a revolução era tido como necessário apelar para a violência.
– Como assim, “houve um tempo”? Não é mais assim?
– Faz algum tempo que não – ele olhou-me muito sério para confirmar. – O capitalismo, que se apropria de tudo e reverte em seu favor, apropriou-se por inteiro do discurso da revolução.
– Che Guevara é uma marca numa camiseta que você quer comprar.
– Justamente – ele ajeitou-se na cadeira, – mas não só isso. A revolução está em todo lugar; impossível agora é escapar dela. A mudança é o presente sistema, e o capitalismo se alimenta precisamente disso. Hoje um produto é que é “revolucionário”. A internet é revolucionária. Os conservadores costumavam ser os que resistiam à mudança; hoje em dias, conservadores são os que creem que a mudança é a única coisa que existe.
– Tornando dessa forma a verdadeira revolução impossível.
– Não completamente. Hoje em dia para fazer violência ao sistema é preciso rejeitar a mudança em vez promovê-la.
– Uma violência de abstenção? – bebi um gole para dissimular um mal-estar que eu sabia só tendia a crescer.
– Para fazer violência contra a revolução do capitalismo é preciso abrir mão da revolução. É preciso escolher as margens. É preciso pisar para fora do sistema.
Ele silenciou, arrependido do uso excessivo de ênfases, mas aparentemente muito interessado na minha reação.
– Não me parece muito eficaz a sua revolução – fiz com um copo um gesto que abarcava a propriedade. – Você não tem televisão em casa, mas um bilhão de brasileiros está assistindo o Big Brother.
– É como uma revolução qualquer – ele relaxou na cadeira. – Para que funcione é preciso ver mais gente aderindo à violência contra o sistema. Abster-se da revolução é agora a prática revolucionária.
Baixei o copo e ponderei um longo tempo o que queria dizer.
– Nas revoluções anteriores era muito fácil conseguir a adesão das massas, porque o novo sistema a ser implantado oferecia vantagens muito evidentes. Já ninguém vai querer abrir mão da tecnologia e do capitalismo, como você faz, porque não há vantagem nenhuma nisso. Nenhuma vantagem evidente, quero dizer.
– O problema é que o capitalismo é uma revolução que esconde os próprios custos. É um produto que cada um deve vender a si mesmo, por assim dizer, um dia após o outro. E todos compram, porque o dia seguinte depende dessa venda.
– Tenho de reconhecer – baixei a voz, mas foi sem querer, – que a mais simples das operações, que é manter-se vendável (isto é, manter-se produtivo), requer o espaço da vida inteira. Mas, para quem está dentro, apenas o custo de sair do sistema parece maior. Tecnicamente todos sabem que não precisam de um novo celular, mas a revolução é exigente. E talvez por isso irresistível.
– Você entende agora por que O Senhor dos Anéis é uma metáfora tão adequada para o nosso tempo? – ele finalmente fechou a garrafa e colocou-a de lado. – Entende por que a trilogia de Tolkien exerce um fascínio tão grande, mesmo sobre os que não sabem articular a coisa nos nossos termos?
Levantei as sobrancelhas, sinceramente embaraçado, porque não via a conversa tomando aquela direção.
– Não tenho certeza – concedi. – A coisa que mais gosto no livro é que a solução corporativa falha miseravelmente, e o herói remanescente e eficaz só sobrevive inteiramente marcado pela amargura.
Ele sorriu.
– É formidável, mas não é disso que estou falando.
– E do que estamos falando?
– Da revolução – João do Pó cortou mais uma fatia de laranja e derrubou no seu copo. – Tolkien moldou sua história a partir dos grandes épicos e clássicos que tanto admirava, mas com uma diferença. As antigas epopeias narravam a busca por algum objeto poderoso, e as dificuldades que os heróis encontravam no caminho.
– Entendi – senti o rosto queimar, mas entendi também que o profeta faria questão de articular por completo o seu argumento.
O Senhor dos Anéis é precisamente o contrário. Se você pensar, é uma anti-busca. O desafio dos heróis é destruir um objeto poderoso, não encontrá-lo.
– E fica demonstrado que não é nada fácil.
– Especialmente porque o poder representa uma tentação para os próprios heróis. Quem vai querer abrir mão de um artefato que representa uma vantagem tão evidente?
– Pouca gente – concordei. – E mesmo os que o fizerem estarão marcados para sempre pela tentação de possuí-lo.
– O desafio da nossa era – ele disse – não é outro.
Nesse momento um vaga-lume aceso, que não tínhamos notado quando entrara, voou ao redor de nós como uma fada e pousou precisamente no topo da garrafa que nos separava.
Calamos os dois, o pensador de gravata e o pensador com terra debaixo das unhas das mãos. Estávamos ambos descalços, e de fato nossos pés se tocavam sem grande constrangimento debaixo da mesa, mas aparentemente não seguíamos para o mesmo lugar. Ou a mesma pessoa.
Então, pela moldura de tela que protegia a porta aberta da frente, vi que alguém se aproximava pelo pasto escuro guiado por uma lanterna.
– Você está esperando alguém para jantar? – eu perguntei, e meu tom, para meu embaraço, foi quase de repreensão.
– Nunca espero ninguém, mas isso não quer dizer que qualquer um não possa chegar – ele explicou, e ouvimos que se abria o portãozinho do jardim.
Cinco minutos mais tarde esvaziei o copo, pedi licença e lembrei que estava na hora de ir indo.

Extraído do PAVABLOG

domingo, 30 de janeiro de 2011

QUANDO FOI QUE NOS TRANSFORMAMOS NESTE BANDO DE BOSTAS...?

Psicologia 1959 x 2010

Cenário 1: João não fica quieto na sala de aula. Interrompe e perturba os colegas.
Ano 1959: É mandado à sala da diretoria, fica parado esperando 1 hora, vem o diretor, lhe dá uma bronca descomunal e volta tranquilo à classe.
Ano 2010: É mandado ao departamento de psiquiatria, o diagnosticam como hiperativo, com trastornos de ansiedade e déficit de atenção em ADD, o psiquiatra lhe receita Rivotril. Se transforma num zumbi. Os pais reivindicam uma subvenção por ter um filho incapaz.

Cenário 2: Luis quebra o farol de um carro no seu bairro.
Ano 1959: Seu pai tira a cinta e lhe aplica umas sonoras bordoadas no trazeiro... A Luis nem lhe passa pela cabeça fazer outra nova "cagada", cresce normalmente, vai à universidade e se transforma num profissional de sucesso.
Ano 2010: Prendem o pai de Luis por maus tratos. O condenam a 5 anos de reclusão e, por 15 anos deve abster-se de ver seu filho. Sem o guia de uma figura paterna, Luis se volta para a droga, delinque e fica preso num presídio especial para adolescentes.

Cenário 3: José cai enquanto corria no pátio do colégio, machuca o joelho. Sua professora Maria, o encontra chorando e o abraça para confortá-lo...
Ano 1959: Rapidamente, João se sente melhor e continua brincando.
Ano 2010: A professora Maria é acusada de abuso sexual, condenada a três anos de reclusão. José passa cinco anos de terapia em terapia. Seus pais processam o colégio por negligência e a professora por danos psicológicos, ganhando os dois juízos. Maria renuncia à docência, entra em aguda depressão e se suicida...

Cenário 4: Disciplina escolar
Ano 1959: Fazíamos bagunça na classe... O professor nos dava uma boa "mijada" e/ou encaminhava para a direção; chegando em casa, nosso velho nos castigava sem piedade.
Ano 2010: Fazemos bagunça na classe. O professor nos pede desculpas por repreender-nos e fica com a culpa por fazê-lo . Nosso velho vai até o colégio se queixar do docente e para consolá-lo compra uma moto para o filhinho.

Cenário 5: Horário de Verão.
Ano 1959: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. Não acontece nada.
Ano 2010: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. A gente sofre transtornos de sono, depressão, falta de apetite, nas mulheres aparece celulite.

Cenário 6: Fim das férias.
Ano 1959: Depois de passar férias com toda a família enfiada num Gordini, após 15 dias de sol na praia, hora de voltar. No dia seguinte se trabalha e tudo bem.
Ano 2010: Depois de voltar de Cancun, numa viagem 'all inclusive', terminam as férias e a gente sofre da síndrome do abandono, pânico, attack e seborréia...

Pergunto eu ...

QUANDO FOI QUE NOS TRANSFORMAMOS NESTE BANDO DE BOSTAS...?

Extraído do PavaBlog

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Muitas perguntas, algumas certezas. Talvez!


Haverá luz sem sombra? 
Lei sem crime?
Ou certo sem errado?
Ou mesmo paz sem enfrentamentos?

Haverá evolução sem destruição?
Descobrimentos sem sacrifícios?
Ou encobrimentos sem corrupção?
Ou mesmo a ética sem a moral?

Haverá vida sem morte?
Ameaça sem medo?
Ou coragem sem ameaça?
Ou mesmo vida sem medo?

Haverá ainda muitas perguntas?
Perguntas sem respostas?
Ou respostas sem opiniões?
Ou mesmo opiniões sem perguntas?

Sim, haverá muito a se conhecer.
Mesmo que se conheça sem saber.
Paradoxos sempre.
Razões, no coração. 
Mas no coração, a razão não suporta.
Então, que o paradoxo reine, nas razões que só é possível racionalizar nos ambientes irracionais.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O retorno ao lar

 
Desde garoto eu sempre quis viver em outros lugares que não fosse minha terra natal. 
No auge da adolescência meus destinos favoritos eram os lugares de badalação. O tempo foi passando e minhas preferências mudando. Passei a apreciar os interiores onde a vida passava de maneira calma e simples. Havia algo que me chamava a atenção neste way of life. De lá, de casa, ficava eu imaginando a vida do lado de lá dos limites do conhecido.
O tempo passou. A vida te obriga a crescer, rever conceitos, mudar direções, observar, enfim ponderar sobre tudo e enfim, seguir caminhando. Assim eu fiz. Até que um dia a oportunidade de viver no interior, longe de casa veio. No início uma euforia juvenil com toda a novidade. Depois as observações e ponderações.
Hoje entendo que desde o início queria era conhecer o interior do meu interior. As geografias físicas eram apenas representações daquilo que almejava no coração e na alma, para meu coração e alma.
Aprendi muito. Estou conhecendo muita coisa. Enfiando os pés e a face na minha escuridão e procurando chamar à luz muita coisa feia que vejo por lá.
Aprendi também como é difícil a vida longe dos laços familiares. Sei que mesmo assim é necessário continuar a caminhada e fazer o melhor a cada dia. Um leão por dia. Hoje sei quão boa é a sensação de voltar para casa, para o lar. 
Com isso, sempre me pego fazendo analogias de meu cotidiano com a vida daqueles que esperam pela morada definitiva. A Casa do Pai. 
Eu também espero, e hoje sei como é doce a sensação de se saber que há um lugar te esperando após uma jornada.
Gosto da jornada e me delicio com ela, mas minha cabeça definitivamente está no que há de vir, na volta para casa. A Casa de meu Pai.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Passo a passo



Forte é aquele que conhece suas fraquezas e, apesar delas, não se detém.
Corajoso é quem, reconhecendo seus medos, enfrenta-os sabendo que a maioria deles não tem razão de existir.
Sabedoria é a capacidade de simplificar o que parece intocável, o discernimento do que faz bem e o que não faz.
Consciência é saber o valor de cada coisa, colocando-as sempre no lugar quem devem estar.
Humilde é quem reconhece seus limites sem se impressionar com suas virtudes.
Felicidade é um estado de espírito que, ainda que as coisas não estejam boas, não permite que percamos a confiança.
Confiança é a certeza de que tudo o que acontece pode ser usado para o bem. – nosso e do próximo.
Poder não é a capacidade de fazer coisas grandiosas, mas de ser grandioso nas pequenas coisas.
Se a gente andar por aqui sabendo que nenhuma coisa carrega nenhum tipo de valor a não ser que queiramos, que os siginficados são dados  por nós e que o mundo de fora reflete nosso coração, começaremos a experimentar um outro nível de consciência.
Quando deixarmos de nos impressionar com luzes e sons, descobriremos a sabedoria do silêncio e as lições contidas em cada experiência.
O dia em que entendermos que religião é só uma insituição que tenta sistematizar e conter o que não se contém, descobriremos que igreja não é prédio cheio de gente, mas gente cheia de Deus.
Que nossos passos sejam guiados pela confiança e nossas certezas criem raizes no que é bom, sabendo que, mais do que o destino, vale o caminho.
É caminhando que você vê as paisagens e vive o dia chamado hoje.
A caminhada da paz só acontece dentro de você.
Andando por esse caminho, as coisas do lado de fora serão apenas contingencias momentaneas e o caminho de todo dia será feito em alegria.

Extraído de http://flaviosiqueira.com/

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