E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música. (F. Nietzsche)





domingo, 22 de agosto de 2010

AS NORMALIDADES DO MUNDO

Cuidado com as normalidades do mundo
Sim, pois no mundo a vida é um morrer de descuido e de descaso...
Portanto, seguir a normalidade da vida segundo o mundo, de fato é entregar-se ao fluxo dos que vão na avalanche pensando que o abismo não chegará nunca...
A normalidade do mundo é doença segundo Deus...
Tal é a normalidade do mundo que pelo voto se pode escolher Barrabás...
No mundo um homem que salve uma vida em situação de por a sua própria em risco, é um herói; enquanto aqueles que vivem todos os dias salvando vidas, são apenas pessoas que fazem isso...
No mundo..., poder é domínio sobre outros...
No Evangelho..., poder, antes de tudo, é controlar a si mesmo.
No mundo a inveja faz os homens quererem crescer segundo o mundo...
No Evangelho, por exemplo, o que move um homem na vida deve sempre ser o amor que a ninguém inveja, e que é contente em ser quem é...
O mundo diz que o Grande é o quantificável...
O Evangelho diz que o quantificável é nada, pois o que É não é mensurável...
O mundo diz que odeia o ódio, mas odeia sempre com mais ódio ainda aqueles sobre os quais são impostas as certezas de “eles” serem os promotores do ódio...
No mundo quem não aceita um desafio é covarde...
No Evangelho aquele que aceita um desafio é tolo...
O homem do Evangelho nunca deve aceitar desafios de outros, mas apenas andar segundo sua própria superação em amor sábio.
Entretanto, no mundo é normal dar segundo se recebeu...
A toda ação corresponde uma reação equivalente, advoga o mundo, seguindo como sabedoria para a vida a Lei da Gravidade e das forças das pedras e dos projéteis...
No Evangelho... à cada ação que incida sobre nós, deve haver uma ponderação...; e, então, depois, a escolha do curso de caminho que seja o nosso próprio caminho, e não um andar tangido pelo pastoreio dos impositores de caminhos e veredas desviados...
Na normalidade anestesiada do mundo, todo sucesso é prisão e mais escravidão ainda ao sucesso como deus...
No Evangelho todo verdadeiro sucesso liberta a pessoa da escravidão do sucesso segundo o mundo.
O mundo do qual falo é apenas um: esse feito de ideologias, grifes, objetivos e cronogramas de alcance de alvos bem materiais e terrenos... Sim, o mundo do qual falo é esse ente sem dono humano aparente, mas que controla todas as nossas decisões, dando-nos a ilusão de livre arbítrio...
Ora, nesse mundo pode-se odiar quem nos odeia; pode-se antipatizar gratuitamente; pode-se tudo o que se pode...; exceto matar... [exceto nas exceções convencionadas] ou roubar [a menos que se evite ser “pego”].
No mundo é normal ser aflito, angustiado, preocupado, desejoso, insatisfeito, sempre em busca de algo, sempre se medindo por outros, sempre na Maratona das Comparações...
No mundo o normal é consumir...
Portanto, tome cuidado; pois ser normal segundo o mundo é fazer-se louco diante de Deus e da vida que é.
Não esqueça nunca que a única normalidade já vista em um homem está no Filho do Homem.
Pense nisso!
 
Caio
6 de agosto de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
 

sábado, 21 de agosto de 2010

Horário político e Tolstói

Dias atrás eu estava assistindo o programa eleitoral dos candidatos a presidência. Logo em seguida, vieram as imagens dos candidatos a senadores e deputados com suas propostas relâmpagos e seus jargões que carregam uma criatividade patética. Fiquei reparando nas propostas que irão "mudar o Brasil".

Alguns instantes depois, lia algumas frases de Liev Tolstói, e fiquei pensando como seria bom que essa moçada toda refletisse em frases simples, mas que carregam verdades que, se entendidas e assumidas como verdades para o ser, talvez fizesse diferença.

Aí estão...

Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo.

É no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas.

Antes de dar ao povo sacerdotes, soldados e maestros, seria oportuno saber se ele não está morrendo de fome.

A sabedoria das coisas não consiste, ao que me parece, em saber o que é preciso fazer, mas o que é preciso fazer antes e o que fazer depois.

Quando as pessoas falam de forma muito elaborada e sofisticada, ou querem contar uma mentira, ou querem admirar a si mesmas. Ninguém deve acreditar em tais paessoas. A fala boa é sempre clara, inteligente e compreendida por todos.

Se um coração é grande, nenhuma ingratidão o fecha, nenhuma indiferença o cansa.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

EXORCIZANDO AS TREVAS INTERIORES



Paulo disse, escrevendo aos Efésios, que “tudo o que se manifesta é luz”.
 
Ora, esta afirmação carrega um bem psicológico e espiritual incomparável.
Digo isto porque deixar que o interior se expresse a nós mesmos, é o que de melhor podemos fazer por nossas vidas.
 
Alguém pergunta: por que?
Ora, esta pergunta é mais que pertinente, e isto por algumas razões bem simples de entender.
 
Primeiramente porque somos ensinados a esconder, a não deixar que nada se manifesta, visto que é nossa tarefa, como “bons cristãos”, darmos “bom testemunho” mediante um comportamento equilibrado, mesmo que o interior seja mais agitado e revolto que a força do Atlântico quando empurra o Rio Amazonas de volta para seu próprio lugar, depois que as poderosas correntes do rio invadem o oceano.
 
A segunda razão para não deixarmos que nosso interior se manifeste vem da certeza que se tem do “juízo dos outros” contra o que existe em nós—e que é a mesma coisa que existe em todos—; e, por isto, selamos com selos de medo e vergonha quem somos e o que sentimos, a fim de não sermos condenados pelos outros.
 
O que as pessoas parecem não saber ou crer, é que Jesus disse que aquilo que acontece no interior da casa um dia será gritado da varanda, pois, nada há oculto senão para ser revelado.
 
Ora, este princípio é inviolável!
 
E por que tal princípio é inviolável?
 
Primeiro porque o interior é vivo e dinâmico e jamais para de crescer.
Ou seja: se algo existe em mim, no meu interior, esse algo continuará a crescer até que venha para o lado de fora, para a luz. Assim, quanto mais eu empurro para dentro aquilo que existe em mim como realidade, mais eu aumento o poder do juízo no dia em que isto que está oculto vier a “gritar do telhado” a fim de se expor como verdade.
Portanto, não há como eu possa selar o meu inconsciente e fazer com que ele se cristalize em obediência às minhas necessidades de conformidade exterior.
Mais cedo ou mais tarde o que é, é...e passa a ser, mesmo contra a minha vontade.
Além disso, à semelhança do Atlântico quando empurra o Rio Amazonas de volta para seu próprio lugar depois que suas correntes invadem o mar, assim também o Inconsciente (Atlântico) empurrará as repressões do consciente (o Rio Amazonas) de volta para seu próprio curso, e força-lo-á a reconhecer a força que emerge do oceano de meu Inconsciente.
 
Esta é a pororoca da alma, e os resultados podem ser devastadores!
 
Ora, Paulo disse que uma vez que as coisas que estão dentro—por mais feias que nos pareçam—emergem e aparecem como sinais exteriores, seja pela via do comportamento ou apenas pela via da constatação dos sentimentos e pulsões interiores que em mim existem, então, elas começam a perder a sua força, visto que foram retiradas do ambiente no qual eles se alimentam—as sombras do inconsciente! O caminho para a libertação das trevas é trazê-las para a luz. Ora, a luz é a verdade.
Ou seja: o que nos liberta dessas forças compulsivas do interior é a exposição delas à luz da verdade em minha consciência.
 
Quando eu não me escondo mais de mim mesmo, e chamo pelo nome aquilo que em mim existe e que eu passo a vida tentando negar a existência, então, estranhamente, aquilo que passa a ser nomeado em mim, perde sua força, visto que sua fonte de energia é a escuridade da negação, e o ambiente do ocultamento culpado.
 
No entanto, quando abraçamos a verdade, essas sombras são iluminadas pela luz em razão de meu ato de reconhecimento e de não-negação da realidade em mim existente, e, paradoxalmente, perdem seu poder de assombrar, pois agora já não são mais “fantasmas”, mas realidades nomeadas pela luz.
 
A maioria das pessoas teme tal constatação pelo simples fato de que foram ensinadas que tais coisas precisam ser reprimidas e matadas por nós mesmos e em nós mesmos.
 
E, assim e desse modo, na tentativa auto-justificada de ser santo, eu me torno um tarado, ou um ser compulsivo e cheio de amargura e ódio, visto que nenhuma vida pode receber paz se existe em fuga de sua próprio interior.
 
Trazer nosso interior à luz não deve ser entendido como trazer nossa estultícia à luz.
Não, não é isto. De fato, o significado de “manifestar” o interior não tem que significar um mergulho de cabeça no mar das nossas compulsões e desejos reprimidos.
 
Ao contrário. De fato, tem-se que “manifestar” o interior justamente para que ele não se torne nosso “senhor” e nos obrigue, sem escolha, a expor pela pior via o nosso interior como doença do comportamento, e que pode fazer mal não apenas a nós mesmos, mas há muitas outras pessoas.
 
Trazer nosso interior à luz começa como vontade de não mais fugir de olhar para nós mesmos, e continua mediante a coragem de dar nome às coisas que até então nós chamamos de “nossas virtudes”.
 
Isto porque, em geral, quando o ser, como um todo, não veio para a luz sem medo, a tentativa da gente é “batizar” nossas doenças com nomes de santidade e virtude. Nesse caso, se alguém desejar saber quais são as suas piores sombras e monstros ocultos no seu ser, basta ver quais são os temas que mais o provocam como raiva e ódio em relação ao comportamento dos outros, visto que, normalmente, odiamos de todo o coração aquilo que mais desejamos, e não fazemos porque nos sentimos impedidos de realizar em razão de nossa própria virtude exterior.
 
Assim, a virtude auto-glorificada é sempre o diagnóstico da treva em nós ocultada!
 
O caminho, portanto, começa com o exercício de falarmos a verdade com nós mesmos, e pararmos de julgar o próximo com ódio, pois quanto mais negarmos que as mesmas coisas existem em nós, mais odiaremos aqueles nos quais tais coisas se manifestam, e, assim, tanto mais, pela via de nosso próprio ódio, aumentaremos nossa própria escuridade interior, e nossas sombras crescerão sem limites em nós.
 
Pense nisto! 


Extraído de www.caiofabio.net

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Como é por dentro...

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.
Fernando Pessoa, 1934

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Meu mundo eu (por Flávio Siqueira)

Não há nada no mundo que não tenha nascido no olhar.

Isso porque todas as suas impressões de vida são reflexos de como está seu coração.

Você só é capaz de reconhecer no outro o que existe em você, por isso constantemente nos projetamos em pessoas, objetos ou acontecimentos.

Um olhar carregado de juízo moralista geralmente denuncia um coração proporcionalmente frágil, que precisa de muletas (lei e moralismo), para que não se descambe justamente pelas vias que mais condena no outro.

É por isso que quanto mais fervoroso eu for em meus combates, maior será a sombra que nasce do lado de dentro.

Isso porque o mundo só existe em meu olhar e a maneira que reajo a ele denuncia quem de fato sou.
Mudança de mundo tem a ver com mudança de mente, afinal de contas, seu mundo só reflete aquilo que habita seu coração.

Pense nisso.

De verdade.

Extraído de http://flaviosiqueira.com/

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Poética

De manhã escureço
de dia tardo
de tarde anoiteço
de noite ardo

A oeste a morte
contra quem vivo
do sul cativo
o este é meu norte

Outros que contem
passo por passo
eu morro ontem

Nasço amanhã
ando onde há espaço
meu tempo é quando.

Vinícius de Moraes

terça-feira, 3 de agosto de 2010

E se...

E se o único farol a nos guiar fosse o Amor?
Então... já não haveria limites para que a mente navegasse em consciência.
Já não haveria os velhos e caducos ritos seguidos pela tradição. Tradição baseada na mentira é erro envelhecido.
Já não haveria religião com seus credos. Credos ditos com mecanicidade do simples recitar, usados como amparos contra o desconhecido, não são nada mais que alças para o inseguro.
Já não haveria moral. Moral é convenção para a maioria, para que assim, a maioria caminhe sem consciência ética, mas com uma cartilha a seguir.
Já não haveria líderes proferindo suas "razões de umbigo" tratadas como verdades.
Já não haveria a convenção, o oficial, as importâncias - tão desimportantes - os tempos e prazos, as metas, não sobrariam pedra sobre pedra... nem tetos limitadores...
Haveria sim, a confiança e fé de navegar a diante mirando para a única luz capaz de nos trazer a Liberdade.

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